sábado, 19 de março de 2011

~ As ideias movem o mundo?



Mendonça, E. (2001). As ideias movem o mundo In E. Mendonça, O mundo precisa de filosofia (pp. 13-34). Rio de Janeiro: Editora Agir.

Segundo Mendonça (2001), as ideias movem o mundo. Inicia seu pensamento trazendo um histórico sobre a questão do poder na vida humana, onde, pensando numa linha do tempo, o poder encontrava-se na força na época militar, passando para o valor econômico na burguesia e atualmente para a política que é a maior forma de poder que o homem alcança. A política gera status e coloca os homens numa posição de controle sobre os demais. O autor também refere as religiões que, através da criação de suas próprias filosofias, exercem uma forma de modelagem de pensamento e poder sobre os que nela creem.
A filosofia acredita na força das ideias, ou seja, numa força espiritual que ajuda o homem a permanecer na condição de homem e, além disso, confia na premissa de que o pensamento transforma a face da humanidade, pois envolve uma reflexão profunda sobre si próprio e sobre o mundo (p.19).
Para argumentar seu ponto de vista, utiliza três grandes tópicos sobre as ideias e suas relações. São elas: ideia e sentimento; ideia e vontade e, ideia e ação. No que reflete o sentimento, articula com o conceito de que estes variam de acordo com as ideias que são anteriormente estabelecidas por nós. Assim, o ser humano infere algum afeto sobre algo no momento em que há alguma reflexão interna em si. Sobre vontade, pronuncia que as ideias fazem parte de um contexto de moral no ser humano, onde é aprendido a distinguir o bem e o mal. Entretanto, poderá haver vontade em praticar o mal, mas a ideia do bem acaba sendo um obstáculo para tanto. Finalmente, compõe seu argumento fazendo uma conexão entre a firmeza das ações, onde essas dependem de ideias previamente definidas e pensadas profundamente.
A conclusão para o autor é de que a força da filosofia, então, é encontrada na consciência da força das ideias, onde essas por sua vez, movimentam o mundo.
Pensando na contemporaneidade e nos grandes avanços tecnológicos provenientes, outra força que é capaz de mover o mundo é o dinheiro. O significado do dinheiro na sociedade capitalista é o de poder. Poder sobre bens materiais e poder sobre o outro. O dinheiro é necessário para todos os aspectos que envolvem a vida humana, desde os de sobrevivência básica, até os caprichos e materiais de consumo que, principalmente a mídia e meios de comunicação propagam como sendo necessários para a vida completa do sujeito. O ser humano acaba se constituindo pelo “ter”. O consumo gera uma fonte de prazer imediato. Esse imediatismo é característica do séc. XXI, pois entre as muitas mudanças ocorridas, a principal é a diminuição do social. O ser humano é uma unidade independente. Cada vez mais independente que tem direitos de comprar, consumir, ter seu próprio dinheiro e investir em tudo o que lhe agrade.
Esse esvaziamento do ser é consequência da falta de autorreflexão. Sem dúvida o mundo de ideias, a consciência humana deveria se desenvolver melhor a partir do pensar. Mas não é suficiente pensar que somente isso que move o mundo. Para dar firmeza a isso, basta observar as pessoas, como se comportam, se gastam seu tempo para pensar, para conversar, para ouvir. Onde, por outro lado, há a necessidade de manter uma casa, uma família, uma educação, e para tanto é necessário dinheiro. O dinheiro é o provedor do sustento e da vida humana.
Assim sendo, uma proposta é a união das duas forças, ou seja, as ideias e o capital andam juntas. Se o ser humano conseguisse deixar de competir entre essas duas forças, e, ao contrário, uni-las, quem sabe essa divergência cessasse e houvesse uma real contribuição das ideias que possam ser aplicadas na sociedade capitalista.

Atenção: Reflexão a partir da bibliografia citada para disciplina de Epistemologia sob orientação do Professor César Augusto Erthal. O professor tem ciência de que este material encontra-se disponível nesse endereço bem como a citação de seu nome aqui contido.

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