terça-feira, 29 de março de 2011

~ Kant e a ética do dever


 Kant, Immanuel. (1785).  Transição do conhecimento moral da razão vulgar para o conhecimento filosófico In Fundamentação da metafísica dos costumes (pp.21-38). Tradução de Paulo Quintela. Lisboa: Edições 70.
  
Tema:
Ética e moral.

Delimitação do tema:
Ética do dever, ética moral, vontade, liberdade, razão.

Pergunta (problema):
Quais as características determinantes para o ato ser considerado moral, segundo Kant?

Resposta (hipótese):
Kant articula que a escolha do ser humano é um ato racional. Qualquer ato livre onde a máxima possa ser universalizada pode ser considerado ético. Em suma, a razão e o entendimento que o sujeito faz do ato é o que o caracteriza como ser ético.

Objetivo:
Kant objetiva esclarecer os atos humanos como sendo racionais. Mesmo a vontade e a intencionalidade podem ser consideradas como racionais, ou seja, como um dever prático. O dever não é compreendido como uma obrigação, mas depende da liberdade, da autonomia, pois para ser livre, o ser humano acaba por ser obrigado pelo dever de ser livre.


Justificativa:
Segundo o autor, o temperamento e o caráter dependem de uma dose de vontade para por algum pensamento em prática. Para tanto, o ser humano utiliza da razão como prática, sendo assim, esta tem influência sobre a vontade.
Continuando, Kant defende que o bem deve ser feito pelo dever e não por inclinações, não pela pura boa vontade. A própria felicidade, para ele, é um dever, pois em sua ausência, ela gera uma violação dos deveres e por outro lado, na sua presença, a felicidade dá sentido ao valor moral.
Justifica ainda que é determinante que as ações quando praticadas pelo dever tem o ser valor moral e que importam não as metas a serem atingidas (finalidade) e o efeito esperado, mas sim a máxima que possa ser universalizada.
Ademais, o dever é a “necessidade de uma acção por respeito à lei” (p. 31). Isso significa que a lei deve ser obedecida, mesmo que haja prejuízo nas inclinações e vontades do sujeito, pois essa lei é uma máxima universalizada. Esse pensamento se baseia no intuito de que somente o ser racional tem essa capacidade e isso o torna moral.

Análise crítica:
Kant analisa a razão como uma única verdade e possibilidade como explicação ao acting out, porém, não seria equivoco pensar que não exista algo maior que impulsione determinadas escolhas que não seja a razão? O sujeito está sendo sem moral por ter uma lei própria que determine a escolha de suas ações? Deve seguir leis prontas e universais? Não há exceções? Muitas dúvidas culminam com a leitura de Kant, mesmo que os argumentos apresentados sejam persuasivos e consistentes.
O ser humano em si possui uma personalidade única, com conflitos e crenças únicas para aquele sujeito. Como podemos então formular algo que seja estanque, engessado e que proponha funcionar em todos os tipos de situações, em todos os tipos de funcionamento de indivíduos, em todos os tipos de culturas?
Não pretendo criticar Kant, mas são dúvidas que permeiam meu pensamento e que conflitam com o fato de que personalidade, circunstância e cultura influenciam as ações e o comportamento humano.


Atenção: Reflexão a partir da bibliografia citada para disciplina de Ética sob orientação do Professor Mateus Salvadori. O professor tem ciência de que este material encontra-se disponível nesse endereço bem como a citação de seu nome aqui contido.

Um comentário:

Anônimo disse...

Me ajudou muito! Obrigada!!!