Nas diversas relações sociais que o indivíduo perpassa, deliberadamente
são evocados sua personalidade e crenças sobre si, o outro e o mundo. Na sua
resposta ao outro, o indivíduo comporta-se a partir de suas experiências
anteriores, com a tendência de repetir os mesmos padrões no qual está
acostumado a reproduzir.
A mitomania caracteriza-se pela tendência a utilizar-se de
mentiras ao descrever ações. As mentiras decorrem por diferentes motivos, mas
geralmente pela necessidade de suprir questões internas. No desenvolvimento das
histórias, o indivíduo mitômano cria cenários, situações, bem como tende a
distorcer fatos da realidade enquanto a conta. Psicologicamente, esses
indivíduos têm consciência dessas mentiras, mas sentem-se compelidos a fazê-lo,
tanto para assuntos rotineiros quanto para assuntos específicos.
Esses indivíduos, por viverem no mundo criado em mentiras
tem habilidade e fluência na criação de histórias, tornam-se atentos ao que já
foi dito para que não sejam percebidos deslizes iniciais nas suas descrições.
Podem ter uma grande rede social de amigos, mas internamente isola-se em si
mesmo. A confiança é imprecisa, no sentido de confiar em si mesmo e em suas
percepções muitas vezes distorcidas.
As causas para tal funcionamento estão envoltas a questões
psicossociais (rupturas vinculares de pessoas importantes, como membros
familiares; problemas de relacionamento familiar; isolamento social; problemas
econômicos e financeiros; baixa autoestima; baixas habilidades sociais, tendência
a fantasia; entre outras); e quanto ao desenvolvimento, no sentido do que lhe
foi ou é reforçado por figuras importantes.
O conteúdo das mentiras pode variar. Geralmente favorecem o
indivíduo e estão envoltos a uma carga emocional gerenciada por medo, desejo de
aprovação social, frustrações anteriores, traumas de abandono. Além disso, a
distorção da realidade pode variar entre detalhes até o extremo oposto. Entretanto,
muito dificilmente esses indivíduos utilizam a mentira para benefícios
externos. As causas são de ordem interna.
A mentira ocupa um lugar central na vida dos mitômanos,
sendo que, muitas vezes após as mentiras pode haver o desejo de “concertar”, o
que dificilmente ocorre, dados os sentimentos envolvidos (medo, baixa
autoestima). O medo decorre da desaprovação social até mesmo ao possível
afastamento das pessoas que lhe são próximas. A baixa autoestima reforçada
internamente pela possibilidade em contradizer-se no que já foi pronunciado. A
compulsividade é um padrão frequente a esses indivíduos, e que além de
manifestar-se no aspecto verbal da mentira, existem outros comportamentos
compulsivos que podem relacionar-se a alimentação, vícios, higiene pessoal e do
ambiente, sendo esses fatores podendo agir no seu ápice ou na evitação.
Justifica-se pelos extremos (assim como nas mentiras mais elaboradas, em
estratégia de inversão dos fatos).
Os manuais de psiquiatria, nas suas atuais edições (CID 10 e
DSM V) não abordam diagnósticos específicos para a mitomania. Entretanto, essa
característica transita em diferentes transtornos, o que acaba dificultando o
diagnóstico clínico, em relação às diversas possibilidades e ao diagnóstico
diferencial.
Para saber mais, em linguagem clara e objetiva: http://psiquecienciaevida.uol.com.br/ESPS/Edicoes/65/artigo215643-1.asp
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