quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

~ Mitomania

Nas diversas relações sociais que o indivíduo perpassa, deliberadamente são evocados sua personalidade e crenças sobre si, o outro e o mundo. Na sua resposta ao outro, o indivíduo comporta-se a partir de suas experiências anteriores, com a tendência de repetir os mesmos padrões no qual está acostumado a reproduzir.
A mitomania caracteriza-se pela tendência a utilizar-se de mentiras ao descrever ações. As mentiras decorrem por diferentes motivos, mas geralmente pela necessidade de suprir questões internas. No desenvolvimento das histórias, o indivíduo mitômano cria cenários, situações, bem como tende a distorcer fatos da realidade enquanto a conta. Psicologicamente, esses indivíduos têm consciência dessas mentiras, mas sentem-se compelidos a fazê-lo, tanto para assuntos rotineiros quanto para assuntos específicos.
Esses indivíduos, por viverem no mundo criado em mentiras tem habilidade e fluência na criação de histórias, tornam-se atentos ao que já foi dito para que não sejam percebidos deslizes iniciais nas suas descrições. Podem ter uma grande rede social de amigos, mas internamente isola-se em si mesmo. A confiança é imprecisa, no sentido de confiar em si mesmo e em suas percepções muitas vezes distorcidas.
As causas para tal funcionamento estão envoltas a questões psicossociais (rupturas vinculares de pessoas importantes, como membros familiares; problemas de relacionamento familiar; isolamento social; problemas econômicos e financeiros; baixa autoestima; baixas habilidades sociais, tendência a fantasia; entre outras); e quanto ao desenvolvimento, no sentido do que lhe foi ou é reforçado por figuras importantes.
O conteúdo das mentiras pode variar. Geralmente favorecem o indivíduo e estão envoltos a uma carga emocional gerenciada por medo, desejo de aprovação social, frustrações anteriores, traumas de abandono. Além disso, a distorção da realidade pode variar entre detalhes até o extremo oposto. Entretanto, muito dificilmente esses indivíduos utilizam a mentira para benefícios externos. As causas são de ordem interna.
A mentira ocupa um lugar central na vida dos mitômanos, sendo que, muitas vezes após as mentiras pode haver o desejo de “concertar”, o que dificilmente ocorre, dados os sentimentos envolvidos (medo, baixa autoestima). O medo decorre da desaprovação social até mesmo ao possível afastamento das pessoas que lhe são próximas. A baixa autoestima reforçada internamente pela possibilidade em contradizer-se no que já foi pronunciado. A compulsividade é um padrão frequente a esses indivíduos, e que além de manifestar-se no aspecto verbal da mentira, existem outros comportamentos compulsivos que podem relacionar-se a alimentação, vícios, higiene pessoal e do ambiente, sendo esses fatores podendo agir no seu ápice ou na evitação. Justifica-se pelos extremos (assim como nas mentiras mais elaboradas, em estratégia de inversão dos fatos).
Os manuais de psiquiatria, nas suas atuais edições (CID 10 e DSM V) não abordam diagnósticos específicos para a mitomania. Entretanto, essa característica transita em diferentes transtornos, o que acaba dificultando o diagnóstico clínico, em relação às diversas possibilidades e ao diagnóstico diferencial.



Para saber mais, em linguagem clara e objetiva: http://psiquecienciaevida.uol.com.br/ESPS/Edicoes/65/artigo215643-1.asp

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