quinta-feira, 14 de abril de 2011

~ Questões sobre a formação do funcionamento Borderline

A organização Borderline pode ser identificada na adolescência. Para tanto, inicialmente, deve-se ter presente a questão da crise normal de adolescência, onde ocorre uma mudança no papel social do sujeito, além de uma mudança física real com a perda do corpo infantil para um que representa o adulto. Essa crise normal deve ser contrastada com a presença de um quadro sintomático característico da estrutura do Borderline.
Essa diferenciação entre a adolescência normal e patológica vai desencadear a partir do olhar do psicólogo que esteja avaliando esse adolescente ter um direcionamento sobre a história de vida desse indivíduo incorporado a um padrão reflexo da inserção em determinada cultura e sociedade, incluindo a família como principal fonte de consequentes traços e conduta que definem uma personalidade Borderline. Dessa maneira o adolescente Borderline se diferencia do normal esperado, nas seguintes principais questões: consolidação da identidade do ego, identidade sexual e laços com as figuras parentais (Jordão e Ramires, 2010).
O vínculo familiar é discutido recentemente por muitos autores, como Jordão e Ramires (2010) onde, numa revisão bibliográfica vasta, apresentam considerações referentes a vínculos fragilizados, apegos inseguros e geralmente a figura materna como negligente ou superprotetora. Articulam também sobre a presença de algum tipo de violência na família (abuso físico ou sexual) incluindo igualmente a características de maus tratos e violência sofrida na infância e a incidência de depressão materna.
Como a mãe já apresenta conflitos em sua vida, seu filho passa a ser reflexo de seu comportamento, onde a falta de cuidados ou afetos são essenciais para a formação do Borderline. A falta de investimento narcísico no bebê lhe impede de atribuir sentido e significar as suas experiências. Essa lacuna gera consequências no processo de individuação do bebê, onde na adolescência pode vir a desenvolver em diferentes comportamentos, como a falta de relações interpessoais duradouras e significativas para o sujeito.
Pensando então nesse contexto familiar fragmentado, diluído, a criança é privada das significações desenvolvimentais que principalmente a figura materna deve proporcionar, sua identidade se torna confusa, desintegrada, ou seja, não reconhece o que é do outro ou de sua própria identidade.
De todo o modo, pensar numa construção de aspecto Borderline remete a pensar em sua história e configuração familiar, especialmente das relações com a mãe. A criança em si é dependente dessa figura materna até que atinja capacidade para iniciar o processo de sua separação, sua individuação, o que fica comprometido, num sentido restrito, quando se caracteriza na falta dessa importante figura que dá significação e gera possibilidade de um desenvolvimento de simbolização na criança. Dessa maneira, faz sentido pensar que por mais que seja na adolescência que eclodem a sintomática Borderline, esta é principalmente constituída na infância, como ensina a teoria psicanalítica.



Referência:
Jordão, A. & Ramires, V. (2010). Adolescência e organização de personalidade borderline: caracterização dos vínculos afetivos.  Paidéia, 20(47), 421-430.


Atenção: Essas considerações são feitas por mim a partir do texto acima referenciado e compreendido na bibliografia básica da disciplina de Processos psicopatológicos na adolescência, vida adulta e desenvolvimento, contendo aspectos do meu entender.

5 comentários:

silvania disse...

olá..também sou estudante de psicologia, estou no incio recem primeiro semestre, adorei o seu blog...parabéns..bjs Sil

Unknown disse...

adoreii o seu blog, tmb estudo psicologia aqui em MS,muito legal vc comparilhar suas pesquisas por aqui! beijos

NOEMI disse...

Parabens pelo seu blog.
Por compartilhar conosco.
beijos

Anônimo disse...

Olá! Venha participar do grupo sobre Transtorno da Personalidade Borderline no facebook. O grupo é hoje o maior grupo sobre o tema em língua portuguesa e conta com a participação não só de pessoas com o TPL como também de ótimos profissionais da área. A troca de experiências e relatos é tem sido excelente.

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Anônimo disse...

Bom dia, identifiquei muito bem o meu marido border nesta situação. Hoje ele tem 34 anos e só há cerca de 3 meses recebeu o diagnóstico de border, até então era somente de depressão, mas eu como esposa não aceitava somente este diagnóstico. Acredito que tudo começou em sua concepção extra-conjugal. Qdo a mãe se descobriu grávida, tomou "remédio" para abortar, mas como não conseguiu, escondeu a gravidez de toda a família. Isso pq ela estava separada (não divorciada ainda)e já tinha 1 filho de 7a do 1º casamento; ela temia ser criticada e julgada pela sociedade, mas enfim. O pai durante a infância foi muito ausente. Ele se lembra que qdo tinha 7a. o pai foi pela 1ª vez ao JP para trabalhar e ficou cerca de 1 ano fora (isso ocorreu 3x no total). Em sua partida chorava, chorava...chorava. Até a vida adulta ele sempre foi comparado com os primos e irmãos, por ser "diferente". Hoje ele tem consciência de sua infância de pais ausentes e uma família desequilibrada. O mais difícil é se policiar e controlar suas emoções. Vejo que muita coisa que ele faz qdo está em crise é uma reprodução dos próprios pais dele, só que de uma forma um pouco diferente (ex.: se ele briga comigo, esquece que é pai, deixam os filhos sob total responsabilidade minha; controlador, ciúmes excessivo, insegurança, faz comparações com minha família, é impulsivo, explosivo), depois qdo são, se arrepende e pensa em suicídio. Com 10 anos de casados hj, 1 casal de filhos pequenos, estamos tentando reconstruir nossas vidas através do amor e da compreensão com o auxílio de medicamentos e terapia de casal com psicanalista.